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Archive:Do prado ao prato – um roteiro estatístico


Dados extraídos em abril de 2020.

Atualização prevista: julho de 2022.


This Statistics Explained article has been archived on 30 July 2021.


Highlights

Na UE, 10,3 milhões de explorações agrícolas cultivam 156,7 milhões de hectares de terras.

Cerca de 280 000 empresas em toda a UE fabricam produtos alimentares e bebidas.

Cerca de 920 000 empresas são grossistas e retalhistas de produtos alimentares e bebidas na UE.

Estrutura da cadeia alimentar, indicadores selecionados, UE-27, 2017
(%)
Fonte: Eurostat


O presente artigo esclarece, numa perspetiva estatística, as diferentes fases seguidas pelos produtos primários provenientes das explorações agrícolas e do mar, passando pela sua transformação e distribuição, para terminarem como produtos alimentares e bebidas nas nossas mesas. Estas são as partes essenciais da cadeia mais estreitamente ligadas à Estratégia do Prado ao Prato de longo prazo da União Europeia.

As quatro fases essenciais na cadeia do Prado ao Prato são apresentadas de forma simplificada, com o intuito de fornecer uma visão global e de dar ênfase às principais fases da cadeia ligadas à Estratégia do Prado ao Prato. Não são abrangidas importantes atividades e fileiras a montante cujo papel é fundamental para as explorações agrícolas: entre estas incluem-se os fabricantes e fornecedores de ferramentas agrícolas, de maquinaria e de fatores de produção, tais como alimentos para animais, fertilizantes e pesticidas.

A análise destaca igualmente a vulnerabilidade da cadeia perante perturbações como a pandemia de COVID-19. A recolha e a entrega de bens entre cada uma das fases é crucial para o funcionamento da cadeia no seu conjunto. Podem verificar-se perturbações em qualquer ou na totalidade das fases essenciais da cadeia, como por exemplo: a falta de trabalhadores sazonais durante os períodos de colheita; perturbações na rede de transportes que assegura o encaminhamento dos produtos das explorações para os transformadores (incluindo matadouros e explorações leiteiras) ou dos fabricantes para os retalhistas; e o encerramento de restaurantes e bares. O impacto da COVID-19 não é uma problemática que possa encontrar solução no presente artigo; outros relatos noticiosos analisarão os possíveis impactos em domínios específicos.

Full article

Fase de produção na exploração agrícola

A agricultura é uma atividade que diz respeito ao cultivo de terras e à criação de gado. Assenta em diversos processos naturais e biológicos relativos ao solo. É a atividade de fornecer ingredientes primários essenciais para os alimentos que comemos e grande parte daquilo que bebemos. A agricultura baseia-se num conjunto de recursos para a produção destes produtos agrícolas, bem como para os serviços agrícolas.

Muitos dos fatores de produção e dos recursos provêm de atividades e fileiras a montante que não são explicitamente examinadas no presente texto. O setor agrícola adquire maquinaria, sementes, fertilizantes, pesticidas e outros fatores de produção para produzir bens agrícolas primários. Estas fileiras a montante dependem tanto da agricultura como a agricultura delas.

Conhecer a quantidade utilizada destes recursos e aquilo que é produzido com determinado conjunto de recursos permite ter uma ideia importante da forma como a agricultura na UE dará resposta aos desafios do Pacto Ecológico Europeu.

Explorações agrícolas e terras agrícolas

No conjunto dos 27 Estados-Membros da União Europeia (UE), 10,3 milhões de explorações agrícolas cultivavam, em 2016 – o ano mais recente para o qual estão disponíveis dados estruturais – 156,7 milhões de hectares de terras. Um terço (33,3 %) das explorações agrícolas da UE localizava-se na Roménia e um quarto situava-se, em conjunto, na Polónia (13,7 %) e na Itália (11,1 %).

A esmagadora maioria (96,3 %) das explorações agrícolas da UE é constituída por explorações familiares – para mais informações, consultar o seguinte artigo. A maior parte das explorações da UE caracteriza-se também pela sua pequena dimensão; em 2016, dois terços (66,6 %) tinham superfícies inferiores a 5 hectares (ha). Embora a dimensão média de uma exploração na UE fosse de 15,2 ha em 2016, apenas cerca de 17 % das explorações tinham dimensões desta ordem ou superiores.

Gráfico 1: Explorações agrícolas e terras agrícolas por superfície da exploração, UE-27, 2016
(%)
Fonte: Eurostat (ef_m_farmleg)

As explorações agrícolas da UE podem caracterizar-se globalmente por: i) estarem ligadas a explorações familiares de semissubsistência; ii) serem pequenas e médias explorações agrícolas; ou iii) serem grandes empresas agrícolas. Os 7,0 milhões de explorações de menor escala na UE (68,3 % das explorações ao todo), com uma dimensão económica da produção padrão inferior a 8 000 EUR por ano, foram responsáveis por pouco menos de 5 % da produção económica agrícola total da UE. Em contrapartida, as 278 000 explorações de maior dimensão na UE (apenas 2,7 % do total), cada uma com uma produção-padrão superior a 250 000 EUR em 2016, foram responsáveis pela maioria (54,4 %) da produção económica agrícola total.

As explorações agrícolas da UE continuam a ser diversas no que tange ao cultivo ou à criação. Em 2016, cerca de metade (52,9 %) de todas as explorações agrícolas podiam ser classificadas como explorações especializadas em culturas. Mais pormenorizadamente, um pouco menos de um terço (31,7 %) de todas as explorações agrícolas especializava-se em culturas arvenses, cerca de um quinto (19,3 %) especializava-se em culturas permanentes e as restantes explorações (1,8 %) eram especializadas em produção hortícola. Para mais informações, consultar este artigo.

Um quarto (24,5 %) das explorações agrícolas da UE era constituído por explorações pecuárias especializadas, com ovinos, caprinos e outros animais de pastoreio (5,7 %) e explorações leiteiras especializadas (5,4 %), as mais numerosas neste grupo. As explorações agrícolas mistas representavam a maior parte dos restantes tipos de exploração (21,4 %). Não foi possível classificar uma pequena percentagem de explorações agrícolas.

Gráfico 2: Explorações por tipo de especialização, UE-27, 2016
(percentagem do total de explorações)
Fonte: Eurostat (ef_m_farmleg)

Em 2016, as explorações agrícolas da UE utilizaram 156,7 milhões de hectares (ha) de terras para a produção agrícola. Pouco mais de dois terços (68,5 %) da superfície agrícola utilizada da UE situava-se em apenas seis Estados-Membros; em 2016, 27,8 milhões de ha foram utilizados pela França para fins agrícolas, 23,2 milhões de ha pela Espanha, 16,7 milhões de ha pela Alemanha, 14,4 milhões de ha pela Polónia, 12,6 milhões de ha pela Itália e 12,5 milhões de ha pela Roménia.

As explorações agrícolas geriam, em 2016, 37,2 % da superfície total de terras da UE-27, bem como 6,4 % das zonas arborizadas. Da superfície utilizada para produção agrícola na UE, a grande maioria (62,0 % em 2016) consistia em terras aráveis utilizadas para culturas destinadas ao consumo humano e animal. Os prados permanentes constituíam outro terço (31,2 %) da superfície agrícola utilizada e eram principalmente utilizados para fornecer pastagens e forragens aos animais. A superfície restante (5,5 %) era utilizada para culturas permanentes, nomeadamente a fruticultura, viticultura e produção de azeitona.

Agricultura biológica

A agricultura biológica é um método agrícola destinado a produzir alimentos através de substâncias e processos naturais. A regulamentação da UE aplicável à agricultura biológica foi elaborada por forma a estabelecer um enquadramento bem definido para a produção de produtos biológicos em toda a UE.

Cerca de 250 000 explorações agrícolas na UE têm uma área dedicada àe agricultura biológica, um número que tem vindo a aumentar. Para mais informações, consultar este artigo. Em 2016, cerca de 244 000 explorações agrícolas tinham uma área dedicada à agricultura biológica na UE. Este número representava um aumento de um quinto em relação a 2013. Dois terços (68,2 %), ou seja, a maioria, das explorações na UE com uma área de agricultura biológica passaram a produzir só biológico em 2016, e o outro terço era constituído por explorações mistas de produção biológica e não biológica.

A agricultura biológica cobria, numa avaliação provisória, 13,0 milhões de hectares de terras agrícolas na UE em 2018, o que correspondia a uma estimativa de 8,3 % da superfície agrícola utilizada total. A superfície biológica total resulta da soma da «superfície em conversão» com a «superfície certificada». Antes de poder ser certificada como «biológica», uma superfície tem de respeitar um processo de conversão, que pode demorar 2-3 anos consoante a cultura.

A superfície biológica total da UE concentra-se em quatro maioritariamente em Estados-Membros: Espanha (17,3 %), França (15,7 %), Itália (15,1 %) e Alemanha (9,4 %). Coletivamente, trata-se de uma proporção superior (57,5 %) à percentagem destes quatro Estados-Membros (51,3 % em 2016) na superfície agrícola utilizada total.

Gráfico 3: Superfície biológica total (integralmente convertida ou em conversão), 2012 e 2018
(milhões de ha)
Fonte: Eurostat (org_cropar)

Agricultores

A agricultura continua a ser um grande empregador na UE; estima-se que, em 2019, o equivalente a 8,8 milhões de pessoas trabalhava a tempo inteiro na agricultura. As pessoas empregadas na agricultura (e no setor da caça) representavam uma estimativa de 4,5 % do emprego total na UE em 2017. O setor agrícola é uma fonte de emprego particularmente significativa na Roménia, englobando quase uma em cada quatro pessoas (22,8 %).

Os empresários agrícolas são, por norma, homens e de idade relativamente avançada. Em 2016, sete em cada dez (71,2 %) empresários agrícolas na UE eram homens e a maioria (57,8 %) dos empresários agrícolas no seu conjunto tinha idade igual ou superior a 55 anos. Apenas um em cada dez (10,7 %) empresários agrícolas era um jovem agricultor com menos de 40 anos. Esta estrutura etária envelhecida evidencia o interesse político suscitado pela transmissão das explorações e pela necessidade de incentivar uma nova geração de agricultores.

Gráfico 4: Empresários agrícolas por faixa etária e sexo, UE-27, 2016
(%)
Fonte: Eurostat (ef_m_farmang)

Tendencialmente, os empresários agrícolas mais velhos trabalham em explorações mais pequenas (segundo uma medição económica); quatro quintos (82,7 %) dos empresários agrícolas da UE com idade igual ou superior a 65 anos trabalhavam em explorações de subsistência e explorações muito pequenas em 2016, com uma produção-padrão de menos de 8 000 EUR por ano.

São muito poucos os empresários agrícolas com formação agrícola completa na UE. A maioria dos empresários agrícolas na UE tem apenas experiência prática; esse era o caso de sete em cada dez (68,3 %) empresários agrícolas em 2016. Menos de um em cada dez (8,9 %) empresários agrícolas possuía formação agrícola completa e os restantes (22,7 %) possuíam formação agrícola básica.

Produção na exploração agrícola

O que é produzido nas explorações agrícolas da UE?

Apesar da seca no centro e norte da Europa e das condições mais chuvosas em grande parte do sul da Europa durante o ano agrícola de 2018, a UE continuou a ser um dos principais produtores agrícolas à escala mundial. As explorações da UE-27 produziram 274,3 milhões de toneladas de cereais (cerca de 13 % da produção mundial), embora tenham sido menos 34,0 milhões de toneladas em comparação com o pico relativo registado em 2014. Os principais cereais são o trigo-mole e a espelta (115,6 milhões de toneladas em 2018), o milho grão e a produção mista de grão e carolo de milho (69,0 milhões de toneladas), a cevada (50,2 milhões de toneladas), a aveia (7,0 milhões de toneladas) e mistura de trigo e centeio (6,5 milhões de toneladas). Estes cereais podem ser utilizados para a produção de alimentos consumidos diretamente pelas pessoas, para a alimentação de gado ou para o fabrico de um vasto conjunto de produtos, desde produtos alcoólicos até cosméticos.

A UE é o maior produtor mundial de beterraba-sacarina, sendo que, em 2018, produziu 111,9 milhões de toneladas, que representaram cerca de metade da produção mundial. No entanto, apenas um quinto do açúcar produzido no planeta é proveniente da beterraba-sacarina, sendo o restante oriundo da cana-de-açúcar. Além disso, a UE produziu 46,8 milhões de toneladas de batata. Os açúcares são utilizados em variadíssimos alimentos como conservantes e para adicionar doçura, revestimento, volume e textura. São igualmente utilizados num vasto conjunto de produtos industriais e de saúde, beleza, uso doméstico e jardinagem. A batata também é utilizada num vasto leque de produtos alimentares e ainda em produtos alcoólicos, como forragem para animais e como espessante e aglutinante em molhos, entre outras aplicações.

As explorações da UE também produziram uma série de diferentes culturas, incluindo 32,0 milhões de toneladas de sementes de oleaginosas, 61,0 milhões de toneladas de produtos hortícolas (incluindo melões e morangos), 11,1 milhões de toneladas de citrinos, 26,2 milhões de toneladas de uva, 13,7 milhões de toneladas de azeitona e 27,6 milhões de toneladas de outros frutos, nozes e bagas em 2018.

Além das culturas, as explorações agrícolas da UE dedicaram-se à criação de animais para produção de carne e laticínios. Entre as principais carnes, as explorações da UE produziram 22,9 milhões de toneladas de carne de suíno, 13,2 milhões de toneladas de carne de frango e 6,0 milhões de toneladas de carne de bovino em 2018. Além disso, as explorações da UE produziram 156,6 milhões de toneladas de leite, dos quais 144,8 milhões de toneladas foram recolhidos por explorações leiteiras e 11,8 milhões de toneladas foram utilizados diretamente nas explorações.

Quanto vale toda esta produção para a economia? Estima-se que o valor de tudo o que foi produzido em 2018 pelo setor agrícola da UE-27 ascenda a 404,7 mil milhões de EUR; este montante inclui o valor das culturas, dos animais, dos serviços agrícolas e de alguns bens e serviços que não eram estritamente agrícolas, mas que não podem ser quantificados separadamente.

Cerca de metade (53,0 %) do valor da produção total da indústria agrícola da UE[1], em 2018, proveio de culturas (214,4 mil milhões de EUR), sendo as mais valiosas as dos produtos e plantas hortícolas e as dos cereais. Outros dois quintos (38,5 %) tiveram origem em animais e produtos de origem animal (155,8 mil milhões de EUR), a maioria dos quais consistiu simplesmente em leite e suínos. Os serviços agrícolas (19,5 mil milhões de EUR) e as atividades não agrícolas indissociáveis (15,1 mil milhões de EUR) contribuíram para o resto (8,5 %) da produção.

As contribuições dos Estados-Membros registaram variações consideráveis, refletindo as diferenças nos volumes produzidos, nos preços obtidos e nas misturas de culturas produzidas, animais criados, produtos de origem animal recolhidos e serviços prestados. Bem mais de metade (59,0 %) do valor da produção total da indústria agrícola da UE dizia respeito aos «quatro grandes» países produtores, nomeadamente França (77,2 mil milhões de EUR), Itália (56,9 mil milhões de EUR), Alemanha (52,7 mil milhões de EUR) e Espanha (52,2 mil milhões de EUR).

Bens e serviços de consumo intermédio

Que fatores de produção utilizam os agricultores? Toda esta produção acarretou custos. Os agricultores tiveram de adquirir bens e serviços para utilizar como fatores de produção no processo de produção; compraram, nomeadamente, sementes, fertilizantes, rações para os animais e combustível para os seus tratores, além de serviços veterinários, entre outros. Estes custos dos fatores de produção são designados por «consumo intermédio» num contexto contabilístico. Em 2018, os custos de consumo intermédio para a indústria agrícola ascenderam, no total, a 233,2 mil milhões de EUR no conjunto da UE.

Alguns custos são inerentes à pecuária; é necessário fornecer alimentos aos animais, o que representou mais de um terço (37,7 %) do total dos custos de consumo intermédio, e serviços veterinários (outros 2,6 %). De igual modo, alguns custos são inerentes à produção de culturas; os agricultores necessitam de sementes e plantas (5,1 % dos custos totais), tendo muitos deles recorrido a produtos fitofarmacêuticos, tais como herbicidas, inseticidas e pesticidas (4,8 %), bem como fertilizantes e corretivos de solos (6,6 %). Outros custos são comuns a todos os tipos de agricultura, seja ela especializada ou mista.

Conjuntos de dados conexos: Cereals (em inglês), sugar beet and potatoes (em inglês), meat (em inglês), milk (em inglês), values (em inglês) e output of the agriculture industry (em inglês).

Pesticidas e adubos minerais

A utilização de pesticidas e adubos minerais na agricultura suscita particular interesse. As vendas de pesticidas na UE-27 orçaram as 360 000 toneladas em 2018, um volume que se mantém relativamente estável desde 2011. Para mais informações, consultar o seguinte artigo. O volume do consumo de adubos minerais, azoto (N) e fósforo (P) pela agricultura permaneceu elevado no período entre 2007 e 2018; estima-se que tenham sido utilizados 11,3 milhões de toneladas em 2018. Para mais informações, consultar o seguinte artigo.

Gráfico 5: Vendas de pesticidas, UE-27, 2011-2018
(milhares de toneladas)
Fonte: Eurostat (aei_fm_salpest09)

Quando os nutrientes utilizados na agricultura não são absorvidos pelas culturas, a sua utilização é considerada excessiva e está associada a problemas ambientais relacionados com a poluição da água, o clima[2] e a perda de biodiversidade. O balanço bruto de azoto (BBA) fornece uma indicação do excedente potencial de azoto (N) nas terras agrícolas (kg N por ha por ano). O balanço bruto de azoto relativo à UE-27 diminuiu de uma média estimada de 51 kg N por ha por ano no período de 2004-2006 para 47 kg N por ha por ano no período de 2013-2015. Para mais informações, consultar o seguinte artigo. Em 2014, os adubos minerais representaram 45 % do consumo de azoto na UE, tendo o estrume representado outros 38 %.

O balanço bruto de fósforo permite ter uma perceção das relações entre a utilização de fósforo na agricultura, as perdas de fósforo para o ambiente e a utilização sustentável dos recursos de nutrientes do solo. Um excedente persistente indica possíveis problemas ambientais, por exemplo a lixiviação do fósforo e uma consequente poluição da água potável e eutrofização das águas de superfície. Um défice persistente pode comprometer a sustentabilidade dos recursos das terras agrícolas, através da degradação dos solos ou da extração dos solos, reduzindo assim a fertilidade em áreas cultivadas ou de produção forrageira. O balanço bruto de fósforo relativo à UE foi de 1,2 kg por hectare por ano no período de 2013-2015, uma descida em relação aos 3,9 kg por hectare por ano no período de 2004-2006. Quer isto dizer que, não obstante continuar a haver um excedente anual, o volume desse excedente anual tem vindo a diminuir; no período entre 2013 e 2015, correspondeu a 30 % do registado no início dos anos 2000. Para mais informações, consultar o seguinte artigo.

Desempenho económico

Como se reflete esta realidade no desempenho económico da agricultura na UE? Em 2018, estima-se que o valor acrescentado bruto da indústria agrícola da UE, que consiste na diferença entre o valor de toda a produção do setor agrícola primário da UE em 2018 e os custos dos bens e serviços utilizados no processo de produção, ascendeu a 171,5 mil milhões de EUR. Uma das ilações que podemos tirar deste número é que, por cada euro gasto com os bens e serviços utilizados no processo de produção (conhecido como «consumo intermédio»), a indústria agrícola gerou um valor acrescentado de 0,74 EUR.

A produção agrícola realizada pelos vários milhões de explorações predominantemente pequenas na UE constitui um bolo global que rivaliza com as grandes empresas, mesmo sem ter em conta a sua importância como pedra basilar da indústria alimentar e de bebidas a jusante. O setor agrícola contribuiu para 1,2 % do PIB da UE-27 em 2018. Contextualizando este número, o contributo da agricultura para a economia da UE foi apenas ligeiramente inferior ao PIB da Grécia em 2018, a décima sétima maior economia entre os Estados-Membros.

Um dos métodos de medição do desempenho da indústria agrícola é o valor acrescentado líquido a custo dos fatores para o equivalente a cada trabalhador a tempo inteiro (medido em unidades de trabalho-ano – UTA) na indústria agrícola. Em 2018, o rendimento agrícola por UTA no conjunto da UE recuou (3,5 %) em relação ao pico de 2017. Ainda assim, manteve-se aproximadamente um quinto acima (+21,5 %) do nível registado em 2010.

Gráfico 6: Rendimento agrícola por unidade de trabalho-ano (indicador A), 2017-2018
(2010 = 100)
Fonte: Eurostat (aact_eaa06)

Produção de peixe

Além dos alimentos de origem vegetal ou animal provenientes das explorações agrícolas, são capturados no mar ou produzidos em explorações aquícolas peixes e outros organismos aquáticos. A regulamentação estatística da UE sobre a captura de peixe abrange sete zonas marinhas[3], designadamente: Atlântico Nordeste; Atlântico Noroeste; Mediterrâneo e mar Negro; Atlântico Centro-Este; Atlântico Sudeste; Atlântico Sudoeste; e oceano Índico Ocidental. Cada uma destas zonas abrange vários mares.

Regra geral, os navios de pesca registados no ficheiro da frota de pesca da UE têm um acesso igual a todas as águas e recursos da UE geridos ao abrigo da política comum das pescas (PCP). O acesso às pescarias é normalmente autorizado através de uma licença de pesca. No entanto, em relação à maioria das espécies de peixe comerciais, os recursos marinhos são limitados ao total admissível de capturas (TAC), definido anualmente para várias regiões marinhas, com base em pareceres científicos, apresentados por órgãos consultivos como o Conselho Internacional para o Estudo do Mar (CIEM) e o Comité Científico, Técnico e Económico das Pescas (CCTEP)[4]. Relativamente a 2018, o Conselho Europeu acordou, em relação ao ano anterior, um aumento ou manutenção dos limites de capturas para 53 unidades populacionais e a sua redução para 25 unidades populacionais.

A frota de pesca e o emprego

A frota de pesca da UE-27 continua a diminuir. Em 2018, havia 75 800 navios ativos registados, com uma capacidade combinada de 1,4 milhões de toneladas de arqueação bruta e uma potência motriz total de 5,4 milhões de quilowatts (kW). Em comparação com 2008, o número de navios diminuiu 3,8 %, a tonelagem bruta total diminuiu 18,4 % e a potência motriz diminuiu 9,8 %.

A frota da UE é muito diversificada: a grande maioria das embarcações não tem mais de 10 m de comprimento e um pequeno número de navios excede os 40 m. Em 2018, o tamanho médio de uma embarcação de pesca da UE era de 18 toneladas de arqueação bruta e a sua potência motriz média, de 71,2 kW.

Quando medida pela tonelagem bruta, a maior frota de pesca entre os Estados-Membros era a de Espanha (24,4 % do total da UE). Contudo, quando medida pela potência motriz, a maior frota era a francesa (17,9 % do total da UE), seguida de perto pela frota italiana (17,2 %). Quando medida pelo número de navios, a maior frota na UE era a da Grécia (19,7 % do total dos navios), seguida pela da Itália (15,9 %). Os navios gregos eram, em média, de pequena dimensão, ainda que com um tamanho médio de 4,8 toneladas de arqueação bruta e uma potência motriz média de 28,6 kW em 2018.

Numa avaliação provisória, o setor primário das pescas da UE empregava 166 600 pessoas em 2017, das quais aproximadamente um terço trabalhava no subsetor da aquicultura. Em 2017, cerca de 41 000 pessoas trabalhavam no setor primário das pescas em Espanha, 29 000 em Itália, 21 000 na Grécia e 20 000 em França.

Conjuntos de dados conexos: Fishing fleet (em inglês) e employment in fishing and aquaculture (em inglês).

Capturas e aquicultura

A monitorização das capturas e da produção aquícola é um instrumento essencial para proteger as unidades populacionais de peixes e sustentar os recursos comuns disponíveis nas zonas de pesca grandes e ricas da Europa.

Estima-se que a produção total de produtos da pesca na UE-27 tenha sido de 5,7 milhões de toneladas de equivalente peso vivo (a massa ou o peso das espécies quando são retiradas da água) em 2017. Quatro quintos (80,1 %) da produção pesqueira total resultaram de capturas (4,6 milhões de toneladas) e o outro quinto foi obtido com a aquicultura (1,1 milhões de toneladas).

Em 2017, apenas três Estados-Membros foram responsáveis por quase metade (48.8 %) de toda a produção pesqueira da UE proveniente das capturas e da aquicultura; foram eles a Espanha (17,9 %), a Dinamarca (16,1 %) e a França (14,7 %). A título comparativo, é interessante observar que a produção pesqueira total da Noruega (3,5 milhões de toneladas de peso vivo em 2017) equivaleu a cerca de 60 % da produção de toda a UE e que, no caso da Islândia (1,2 milhões de toneladas em 2017), foi quase tão elevada como em Espanha, o maior produtor da UE no setor das pescas.

Estima-se que o volume total de capturas da UE-27 em 2018 tenha ascendido a 4,6 milhões de toneladas de peso vivo, um nível semelhante ao de 2017. Contudo, manteve-se bastante inferior ao registado na viragem do milénio (menos 1,3 milhões de toneladas em relação às capturas de 2001), embora com mais 0,8 milhões de toneladas do que o volume mínimo, verificado em 2012.

Ainda que a frota de pesca europeia opere em todo o mundo, cerca de três quartos de todas as capturas da UE foram realizadas no Atlântico Nordeste. As principais espécies capturadas no Atlântico Nordeste foram o arenque, a sarda, a espadilha e o verdinho.

Na zona do Mediterrâneo e mar Negro, cerca de um quinto do peso vivo total capturado pela frota de pesca da UE consistiu na sardinha, tendo o biqueirão representado outro quinto. No Atlântico Centro-Este, as principais capturas foram o gaiado e o atum-albacora, a sardinha e a sarda. No oceano Índico Ocidental, o atum, independentemente de se tratar de gaiado, atum-albacora ou atum-patudo, foi a espécie mais capturada. Completando a síntese das espécies por região, as principais espécies capturadas no Atlântico Sudoeste foram a pescada, outros peixes demersais e a lula, no Atlântico Sudeste, foram a sarda e o atum gaiado e, no Atlântico Noroeste, foram o cantarilho-do-norte, o alabote e o bacalhau.

Em 2017, a UE produziu um total estimado de 1,1 milhões de toneladas de organismos aquáticos (tais como moluscos e crustáceos), o que corresponde a um quinto da produção global do setor europeu das pescas. Quanto à produção obtida, o setor aquícola da UE foi o oitavo mais importante à escala mundial, com uma percentagem de 1,6 % do volume da produção mundial em 2016. Estima-se que o valor da produção aquícola da UE tenha atingido, em 2017, 5,1 mil milhões de EUR, aproximadamente dois quintos do valor total da produção pesqueira total da UE.

Conjuntos de dados conexos: Catches (em inglês) e aquaculture (em inglês).

Produção de resíduos

As atividades agrícolas, silvícolas e pesqueiras geram uma série de resíduos, sobretudo resíduos de origem animal e vegetal. Entre estes incluem-se chorume e estrume, bem como vários resíduos verdes, incluindo os resíduos biodegradáveis.

Em 2016, a agricultura, a silvicultura e as pescas na UE-27 geraram 20,3 milhões de toneladas de resíduos, o que representou 0,9 % do total de resíduos gerados pela atividade económica e pelas famílias na UE. A grande maioria destes resíduos (17,0 milhões de toneladas) era de origem animal e vegetal.

A quantidade de resíduos de origem animal e vegetal em 2016 foi muito inferior aos 57,3 milhões de toneladas produzidos em 2004. No entanto, os números de 2016 revelam uma ligeira subida em comparação com o volume relativamente baixo produzido em 2012, de 14,5 milhões de toneladas.

A principal componente de resíduos de origem animal e vegetal produzidos por este setor da economia dizia respeito às fezes, à urina e ao estrume de animais. As explorações agrícolas geraram 12,0 milhões de toneladas de resíduos deste tipo em 2016, uma descida acentuada em relação aos 30,9 milhões de toneladas produzidos em 2004, embora com mais 2,3 milhões de toneladas do que o volume relativamente baixo de 2012.

Em peso, dois terços das fezes, da urina e do estrume de animais na UE foram produzidos em Espanha (39,4 %) e nos Países Baixos (27,5 % do total da UE). Todavia, apesar de uma diminuição de 11,8 milhões de toneladas da quantidade deste tipo de resíduos entre 2004 e 2016 em Espanha, registou-se um aumento de 2,7 milhões de toneladas nos Países Baixos durante o mesmo período.

Conjunto de dados conexo: Generation of waste (em inglês).

Fase de transformação

O sistema alimentar é muito mais vasto do que a produção agrícola primária; abrange também a preparação e venda de alimentos. A agropecuária é a atividade da cultura, criação e colheita de produtos primários. No entanto, antes de chegarem às mesas, os produtos alimentares e as bebidas são geralmente transformados, embalados, transportados, distribuídos e comercializados.

A política agrícola comum (PAC) da UE reconhece estas interligações com os seus objetivos de «garantir um fornecimento estável de alimentos a preços acessíveis», «dinamizar a economia rural promovendo o emprego na agricultura, nas indústrias agroalimentares e nos setores conexos» e «proteger a qualidade dos alimentos e da saúde».

A maior parte das produções dos 10,3 milhões de explorações agrícolas da UE são vendidas à indústria alimentar e de bebidas para serem transformadas, tanto dentro como fora da UE, sendo poucos os produtos diretamente transformados pelas explorações ou por cooperativas de agricultores, nomeadamente o vinho, o azeite e o queijo.

Por sua vez, a indústria alimentar e de bebidas produz um conjunto de produtos de consumo final ou destinados a serem utilizados como produtos intermédios (como óleos, gorduras e açúcares), para posterior tratamento ou transformação noutras indústrias transformadoras a jusante, antes de ficarem disponíveis para os consumidores.

Explorações leiteiras e matadouros

A primeira fase de transformação dos produtos alimentares de origem animal ocorre em explorações leiteiras ou em matadouros. As empresas de laticínios compram leite a centros de recolha de leite ou, na maioria dos casos, diretamente às explorações, com vista a transformá-lo em produtos lácteos. Na UE, os matadouros são estabelecimentos registados e aprovados, utilizados para o abate e a preparação de animais cuja carne se destina ao consumo humano. Apesar de, por norma, a sua atividade não ser considerada uma transformação, para se ter uma perspetiva global equilibrada, os matadouros são incluídos na presente análise.

Em 2018, existiam cerca de 4 900 empresas de laticínios em toda a UE-27. Uma grande percentagem estava estabelecida nos Estados-Membros do sul da Europa; só Itália contava quase 1 200 explorações leiteiras e a Grécia cerca de 800 explorações leiteiras.

Na maior parte dos Estados-Membros, estas explorações eram relativamente pequenas e recolhiam menos de 5 000 toneladas de leite por ano. Por exemplo, em Itália, quase três quartos das explorações leiteiras recolhiam menos de 5 000 toneladas de leite por ano e cerca de 94 % de todas as explorações na Grécia. Contudo, há algumas exceções. Alguns Estados-Membros tinham um pequeno número de explorações leiteiras relativamente grandes, que recolhiam mais de 100 000 toneladas de leite por ano; era o caso de um terço das 38 explorações leiteiras na Irlanda, de cerca de 40 % das 30 explorações leiteiras nos Países Baixos e das 14 explorações leiteiras na Lituânia e de 46 % das 115 explorações leiteiras na Alemanha.

Verificou-se uma consolidação significativa do mercado dos laticínios na UE. Por exemplo, em Itália, em França e na Alemanha, o número de empresas de laticínios caiu para metade ou menos de metade no período entre 1994 e 2018.

Conjunto de dados conexo: Dairies (em inglês).

Fabrico de produtos alimentares e bebidas

Em 2017, existiam cerca de 280 000 empresas em toda a UE-27 que fabricavam produtos alimentares e bebidas. Cerca de metade (51,4 %) destas empresas exerciam atividades de panificação e fabrico de produtos à base de farinha, como, por exemplo, pão, produtos de pastelaria, bolachas e massas alimentícias. No seu conjunto, as empresas que produziam carne e produtos à base de carne, bebidas e outros produtos alimentares, como açúcares e produtos de confeitaria, refeições pré-cozinhadas e chás, representavam cerca de um terço das empresas alimentares e de bebidas em 2017.

Gráfico 7: Empresas alimentares e de bebidas por tipo de produto, UE-27, 2017
(%)
Fonte: Eurostat (sbs_sc_sca_r2)

Em 2017, as empresas alimentares e de bebidas empregaram 4,4 milhões de pessoas. O volume de negócios estimado das empresas de transformação alimentar foi de 930 mil milhões de EUR em 2017, aos quais se somam 151 mil milhões de EUR relativos ao volume de negócios das empresas de bebidas dos 26 Estados-Membros para os quais estão disponíveis dados.

A França e a Itália registam o maior número de empresas alimentares e de bebidas, contribuindo, individualmente, para cerca de 20 % do total da UE. Contudo, foi a Alemanha que mais emprego proporcionou neste setor (20,3 % do total da UE), seguida pela França (16,1 %) e por Itália (10,4 %).

A esmagadora maioria (cerca de 95 %) de todas as empresas alimentares e de bebidas na UE era de pequena dimensão, com menos de 50 trabalhadores. De facto, as microempresas com menos de dez empregados constituíam cerca de 80 % de todas as empresas alimentares e de bebidas em 2017.

As médias empresas, que empregam entre 50 e 249 trabalhadores, e as grandes empresas, com mais de 250 trabalhadores, representavam, em conjunto, uma parte minoritária das empresas em todos os Estados-Membros; as percentagens mais elevadas registavam-se no Luxemburgo (14,6 %), na Alemanha (13,0 %) e na Lituânia (9,8 %), sendo que a maioria dos restantes Estados-Membros apresentavam percentagens bem mais reduzidas, designadamente Espanha (4,4 %), França (1,8 %) e Itália (1,8 %).

Estima-se que o fabrico de produtos alimentares e bebidas na UE representava, em 2018, 860 mil milhões de EUR. Este montante equivalia a pouco mais do dobro do valor dos produtos agrícolas primários provenientes da indústria agrícola da UE.

Os dados recolhidos correspondem a 372 categorias de produtos alimentares e bebidas, incluindo nove categorias respeitantes a alimentos para animais de criação e alimentos para animais de companhia. Em 2018, o valor dos produtos alimentares e bebidas produzidos na Alemanha foi o mais elevado entre os Estados-Membros (149,5 mil milhões de EUR), seguindo-se-lhe França (135,5 mil milhões de EUR) e Itália (124,0 mil milhões de EUR).

Entre os produtos alimentares e bebidas, o mais valioso na UE em 2018 foi a cerveja (de malte, excluindo as cervejas não alcoólicas), um produto que foi avaliado em 29,0 mil milhões de EUR. Este mercado tem, por isso, especial importância para os agricultores que produzem cevada destinada ao fabrico de cerveja (bem como outros grãos) e lúpulo. Os principais Estados-Membros produtores deste tipo de cerveja foram a Alemanha (20,6 % do total da UE) e a Espanha (12,6 %), embora se tenha igualmente verificado alguma especialização na Bélgica (10,2 % do total da UE em 2017) e nos Países Baixos (7,6 %).

Outros importantes produtos alimentares e bebidas fabricados na UE foram o pão fresco (26,7 mil milhões de EUR em 2018), os queijos ralados ou em pó, os queijos de pasta azul e outros queijos (26,5 mil milhões de EUR), os produtos de pastelaria (22,1 mil milhões de EUR) e os enchidos e produtos semelhantes (21,0 mil milhões de EUR).

Produção de resíduos

Em 2016, a preparação e a produção de alimentos na UE-27 geraram 36,1 milhões de toneladas de resíduos, o que equivaleu a 1,4 % de todos os resíduos gerados pela atividade económica e pelas famílias na UE. Grande parte destes resíduos era de origem animal e vegetal (tanto resíduos perigosos como não perigosos). Nomeadamente, foram produzidos resíduos de tecidos animais e vegetais, lamas, resíduos de agentes conservantes, gorduras e óleos e resíduos biodegradáveis.

Em 2016, as indústrias alimentares, das bebidas e do tabaco na UE-27 produziram 21,4 milhões de toneladas de resíduos de origem animal e vegetal (tanto resíduos perigosos como não perigosos). Trata-se de um volume significativamente inferior aos 36,3 milhões de toneladas produzidos em 2004.

Os Países Baixos (30,3 % do total da UE) foram o Estado-Membro que gerou a maior quantidade de resíduos de origem animal e vegetal. A quantidade de resíduos da preparação e produção de alimentos manteve-se bastante estável no período entre 2004 e 2016, contrariando a tendência da UE. Em contrapartida, estes resíduos diminuíram de forma acentuada em muitos Estados-Membros, incluindo a Polónia (passando de 7,0 milhões de toneladas para apenas 1,4 milhões de toneladas em 2016).

Conjunto de dados conexo: Generation of waste (em inglês).

Comércio de produtos agrícolas, produtos alimentares e bebidas

O comércio agrícola consiste na compra e venda de bens e serviços agrícolas. Sempre que os países consigam produzir um excedente, este pode ser trocado por outros bens e serviços. O que explica o comércio de produtos agrícolas? São muitas as razões possíveis, justificadas por uma inexistência de alternativas locais (algumas culturas são exploradas apenas em determinados climas, por exemplo) ou pela capacidade de alguns países e regiões para oferecer produtos menos dispendiosos, de melhor qualidade, seguros, produzidos de forma sustentável e nutritivos. Por outro lado, as trocas comerciais podem constituir uma fonte de entrada de divisas estrangeiras, apoiar o emprego nas indústrias exportadoras, apoiar o rendimento do setor e fornecer aos consumidores produtos de qualidade a preços competitivos e com menos interrupções durante o ano.

Nas classificações comerciais, os produtos agrícolas podem ser divididos em três principais grupos: animais e produtos de origem animal, produtos vegetais e géneros alimentícios.

A União Europeia (UE) é o principal parceiro no comércio internacional de produtos agrícolas. Enquanto a UE-27 importa sobretudo produtos agrícolas não transformados as exportações com origem na União Europeia consistem principalmente em produtos agrícolas transformados. Para mais informações, consultar o seguinte artigo. Relativamente às exportações de produtos agrícolas da UE, o grupo mais representativo foi o dos géneros alimentícios e bebidas (54 %), seguido pelos produtos vegetais e pelos produtos de origem animal (cada um com 23 %). Quanto às importações, o principal grupo foi o dos produtos vegetais (44 %), seguido pelos géneros alimentícios (34 %) e pelos produtos de origem animal (22 %).

Em 2019, o valor total das trocas comerciais (importações mais exportações) de bens agrícolas entre a UE-27 e o resto do mundo ascendeu a 325 mil milhões de EUR. Uma vez que as exportações (182 mil milhões de EUR) superaram as importações (143 mil milhões de EUR), verificou-se um excedente comercial de 39 mil milhões de EUR. Entre 2002 e 2019, o comércio de produtos agrícolas da UE mais do que duplicou, equivalendo a um crescimento anual médio de 5,0 %.

A categoria relativa aos produtos de origem animal abrange os animais vivos, carne, peixe, crustáceos e invertebrados aquáticos, laticínios, ovos, mel e outros produtos de origem animal. Em 2019, a UE registou um excedente comercial de 7,3 mil milhões de EUR nesta categoria de produtos. Os excedentes comerciais relativos aos «laticínios» (que incluem queijos, leite e iogurtes) e aos «ovos de aves» (12,5 mil milhões de EUR), às «carnes e miudezas comestíveis» (9,9 mil milhões de EUR) e aos «animais vivos» (2,8 mil milhões de EUR) compensam amplamente o défice (17,7 mil milhões de EUR) registado nos peixes, crustáceos e invertebrados aquáticos.

Gráfico 8: Importações e exportações agrícolas por categorias de produtos, UE-27, 2019
(milhões de EUR)
Fonte: Eurostat (código dos dados Comext: DS-016894)

Os produtos vegetais incluem cereais, produtos hortícolas, frutas, café e gorduras e óleos. Em 2019, a UE registou um défice comercial de 25,3 mil milhões de EUR nesta categoria de produtos vegetais, que resultou, em grande medida, dos défices no comércio de «frutas e nozes comestíveis» (13,9 mil milhões de EUR), «café, chá, mate e especiarias» (7,6 mil milhões de EUR) e «sementes e frutos oleaginosos» (7,1 mil milhões de EUR).

Os géneros alimentícios consistem em vários tipos de produtos transformados de origem vegetal e animal, tais como açúcar, bebidas, tabaco e alimentos preparados para animais. Em 2019, a UE registou um excedente comercial de 51,1 mil milhões de EUR na categoria dos géneros alimentícios. O excedente comercial foi impulsionado por excedentes comerciais nas «bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres» (25,7 mil milhões de EUR) e nas «preparações à base de cereais, farinhas, amidos, féculas ou leite» (13,7 mil milhões de EUR).

Quem são os principais parceiros comerciais da UE relativamente aos produtos agrícolas?

O Reino Unido foi o principal parceiro comercial da UE-27 na indústria dos bens agrícolas, numa altura em que ainda era Estado-Membro. Em 2019, os restantes Estados-Membros da UE exportaram para o Reino Unido bens agrícolas num valor de 46,7 mil milhões de EUR, o que representou 25,1 % do valor total das exportações de bens agrícolas da UE-27, e importaram bens agrícolas num valor de 19,7 mil milhões de EUR, cerca de 12,9 % do total destas importações.

Os Estados Unidos foram o segundo principal mercado de exportação dos bens agrícolas da UE, sendo responsáveis por 11,6 % (12,6 mil milhões de EUR), seguindo-se, em terceiro lugar, a China (5,8 % – 10,8 mil milhões de EUR). Em 2019, o Brasil e os Estados Unidos foram, respetivamente, o segundo e terceiro principais parceiros comerciais relativamente à importação de produtos agrícolas na UE.

Gráfico 9: Comércio extra-UE de produtos agrícolas por parceiros principais, UE-27, 2019
(% das exportações/importações da UE-27)
Fonte: Eurostat (código dos dados Comext: DS-016894)

Fase de distribuição

Os distribuidores de produtos alimentares e bebidas operam entre os produtores e os consumidores; são constituídos por grossistas e retalhistas. Em termos simplistas, os grossistas podem definir-se como intermediários entre os produtores e os retalhistas ou entre dois produtores.

Grossistas, retalhistas e prestadores de serviços na indústria alimentar e de bebidas

Em 2017, existiam na UE 203 000 empresas especializadas na venda por grosso de produtos alimentares e bebidas, além de outras 719 000 empresas especializadas unicamente em produtos alimentares ou em bebidas, ou nas quais estes produtos eram predominantes. Existiam igualmente cerca de 1,5 milhões de empresas do setor da restauração, tais como restaurantes, bares, cafés e empresas de fornecimento de refeições, em toda a UE.

As empresas distribuidoras de produtos alimentares e bebidas são uma importante fonte de postos de trabalho na UE. Em 2017, 10,6 milhões de pessoas trabalhavam na venda por grosso e na venda a retalho especializada de produtos alimentares e bebidas, bem como em restaurantes, bares, cafés e empresas de fornecimento de refeições. Adicionalmente, outros 5,0 milhões de pessoas trabalhavam em lojas não especializadas onde a atividade predominante era a venda a retalho de produtos alimentares e bebidas.

Os hábitos de frequência de cafés e restaurantes, a par do turismo, ajudam a explicar a concentração relativa desta atividade nos Estados-Membros do sul; por exemplo, existia um estabelecimento de bebidas, como um bar ou café, por cada 234 habitantes em Portugal, por cada 255 habitantes em Espanha e por cada 291 habitantes na Grécia.

Conjuntos de dados conexos: Wholesalers (em inglês) e retailers (em inglês).

Transportes

Naturalmente, a cadeia «do prado ao prato» depende dos transportes para levar os produtos agrícolas primários e os alimentos desde os produtores até aos consumidores. A duração desse trajeto e a rede modal atravessada pelos alimentos podem variar consideravelmente; entre outros fatores, a perecibilidade dos produtos e os requisitos para manter a sua frescura e qualidade são características influentes. Por exemplo, alguns produtos agrícolas e alimentares precisam de ser mantidos congelados, outros devem ser refrigerados ou guardados em atmosfera controlada, ao passo que outros são transportados secos ou armazenados em ambiente climatizado.

Milhares de milhões de toneladas de produtos agrícolas e alimentares são transportados todos os anos por via rodoviária por camiões da UE. Em 2017 e 2018, cerca de 1,2 mil milhões de toneladas de produtos primários da agricultura, da caça, da silvicultura e da pesca foram transportados, nas estradas, por camiões (capacidade de carga superior a 3,5 toneladas) matriculados na UE-27. Este número inclui tanto os bens produzidos na UE, como as importações de países terceiros. Adicionalmente, foram transportados por camiões matriculados na UE mais 1,5 mil milhões de toneladas de produtos alimentares, bebidas e tabaco.

Gráfico 10: Transporte de produtos agrícolas e alimentares por via rodoviária, UE-27, 2010-2018
Fonte: Eurostat (road_go_ta_tg) e (road_go_ta_dctg)

Importa referir que estes números não têm em conta o peso dos produtos transportados, nas estradas da UE, por camiões não matriculados na UE ou por pesados de mercadorias com menos de 3,5 toneladas de capacidade de carga. Trata-se de um aspeto importante nos países fronteiriços da UE, dado que uma parte do transporte internacional não é abrangida por estas estatísticas.

Uma unidade de medida do transporte de mercadorias é a tonelada-quilómetro (tkm), que representa o transporte de uma tonelada de mercadorias por determinado modo de transporte numa distância de um quilómetro. Para efeitos da presente análise, esta medição é denominada «distância por carga útil». Os produtos da agricultura, da caça, da silvicultura e da pesca transportados por camiões matriculados na UE, com capacidade de carga superior a 3,5 toneladas, totalizaram uma distância por carga útil de 195 mil milhões de toneladas-quilómetros em 2017 e de 191 mil milhões de toneladas-quilómetros em 2018. Adicionalmente, o transporte de produtos alimentares, bebidas e tabaco representou 288 mil milhões de toneladas-quilómetros em 2017. Para contextualizar este número, tratava-se do equivalente a uma distância média de 176 km por cada tonelada destas mercadorias combinadas transportada por via rodoviária.

São vários os produtos transportados por camiões matriculados na UE, mas a distância por carga útil por via rodoviária dos grupos combinados de produtos da agricultura, da caça, da silvicultura e da pesca e de produtos alimentares, bebidas e tabaco foi superior a qualquer outro grupo de produtos em 2017. Combinados, estes grupos de produtos foram responsáveis por 27,5 % da distância por carga útil de todo o transporte rodoviário de mercadorias assegurado por camiões matriculados na UE e por 20,8 % do total de toneladas do transporte rodoviário de mercadorias em 2017.

A grande maioria (85,4 % das mercadorias em toneladas, 2017) dos produtos da agricultura, da caça, da silvicultura e da pesca, transportados por camiões matriculados na UE, percorreu distâncias inferiores a 300 km. O mesmo se verificou (79,8 %) no caso dos produtos alimentares, bebidas e tabaco. De facto, em ambos os casos, a maioria destes produtos (68,1 % e 58,9 %, respetivamente) percorreu distâncias inferiores a 150 km. Em grande parte, estas distâncias reduzidas são consequência da perecibilidade de muitos produtos agrícolas e alimentares (especialmente, produtos frescos) e da sua disponibilidade generalizada junto dos produtores regionais.

O transporte rodoviário nacional de mercadorias, efetuado entre duas localizações do mesmo país por um veículo matriculado nesse país, foi a principal componente do transporte rodoviário de mercadorias de produtos da agricultura, da caça, da silvicultura e da pesca e de produtos alimentares na UE, bem como de outras categorias de produtos. O transporte nacional dominou o transporte rodoviário de produtos da agricultura, da caça, da silvicultura e da pesca em todos os Estados-Membros. As maiores percentagens (acima de 99 %) verificaram-se nos Estados-Membros insulares, como Chipre e a Irlanda, e nos Estados-Membros com ligações sólidas de transporte marítimo internacional, como a Finlândia e a Suécia. Só num pequeno número de Estados-Membros, como os Países Baixos e a Bélgica, onde existem importantes portos de carga, e o Luxemburgo, a Eslovénia, a Hungria e a Eslováquia, foi registada uma percentagem de transporte internacional de mercadorias superior a 15 % relativamente aos produtos da agricultura, da caça, da silvicultura e da pesca.

Fase do consumidor

Os cidadãos da UE têm à sua disposição um leque variado de produtos alimentares e bebidas. As compras refletem geralmente a gastronomia local, regional e nacional e fazem parte da identidade cultural de um Estado-Membro. A percentagem do rendimento das famílias gasta em produtos alimentares e bebidas apresenta igualmente variações significativas.

Em 2018, os alimentos e as bebidas (incluindo os serviços de restauração) representaram, de forma combinada, uma média de 21,5 % das despesas de consumo final das famílias em toda a UE-27. Deste total, 11,8 % foram gastos, em média, em produtos alimentares, 6,8 % em serviços de restauração, 1,6 % em bebidas alcoólicas e 1,2 % em bebidas não alcoólicas. No entanto, estas percentagens apresentavam variações consideráveis entre os Estados-Membros. As percentagens totais mais altas foram registadas na Roménia e na Estónia (30,9 % em cada um destes países) e as mais baixas no Luxemburgo (17,3 %) e na Alemanha (16,6 %).

Para a maior parte das pessoas, os produtos alimentares e as bebidas representam despesas com bens essenciais, apesar de muitas pessoas serem afetadas pela pobreza alimentar. Em 2018, aproximadamente uma em cada dez pessoas (estimativa de 11,9 %) com mais de 16 anos padecia de uma incapacidade leve ou grave para pagar uma refeição de carne, frango ou peixe, ou uma refeição vegetariana equivalente. A percentagem era ainda maior (13,8 %) na faixa etária dos 55-64 anos.

A pobreza na UE impede muita gente de tomar refeições nutritivas. Todavia, à medida que os rendimentos sobem, verifica-se frequentemente uma opção por produtos de melhor qualidade, bem como um maior consumo de serviços de restauração. A despesa média com produtos alimentares e bebidas em percentagem do rendimento tende a diminuir à medida que o rendimento médio aumenta.

Entre os grupos socioeconómicos no conjunto da UE, os grupos com maior despesa do orçamento familiar com alimentos eram os desempregados (17,2 %) e os reformados (15,9 %), enquanto os que menos gastavam eram os trabalhadores não manuais (12,6 %). A maior percentagem de despesa do orçamento familiar com serviços de restauração dizia respeito aos trabalhadores não manuais (5,4 %). A proporção do orçamento familiar gasta no consumo de bebidas alcoólicas não apresentava grandes variações entre os diversos grupos socioeconómicos (entre 0,9 e 1,1 pontos percentuais).

Quais são, então, os alimentos e as bebidas em que as pessoas gastam mais dinheiro? Entre as várias categorias de produtos alimentares, a carne leva a maior fatia das despesas de consumo das famílias em cada um dos Estados-Membros (em média, 3,3 % em toda a UE em 2015, mas atingindo um máximo de 7,8 % na Roménia).

A Comissão Europeia tem lançado diversas iniciativas destinadas a promover regimes alimentares saudáveis e sustentáveis. Uma destas iniciativas foi a estratégia de 2007 em matéria de problemas de saúde ligados à nutrição, ao excesso de peso e à obesidade[5], que englobava iniciativas relativas à rotulagem alimentar, programas escolares de consumo de fruta e leite e projetos nos domínios do desporto e da investigação. Os objetivos eram, nomeadamente: a prevenção de deficiências nutricionais e de problemas de saúde diretamente ligados ao excesso de peso; a promoção de alimentos seguros e sustentáveis; a redução dos resíduos alimentares; e a melhoria do bem-estar dos animais. Os problemas de saúde diretamente ligados ao excesso de peso ou à obesidade têm igualmente um impacto económico, resultante dos custos com os tratamentos das doenças relacionadas com o excesso de peso. A obesidade é a causa de várias doenças crónicas, incluindo a diabetes, o cancro e doenças cardiovasculares. O índice de massa corporal (IMC) define-se como o peso de uma pessoa em quilogramas dividido pela altura ao quadrado.

Em 2017, metade da população da UE-27 (51,8 %) era classificada como população com excesso de peso. Pouco mais de um terço (36,9 %) da população da UE estava em estado de pré-obesidade (com um IMC entre 25 e 30) e outros 14,9 % eram obesos (com um IMC superior a 30) em 2017. Estas percentagens têm demonstrado uma tendência crescente. Era o caso da maioria esmagadora dos Estados-Membros para os quais estavam disponíveis dados desde 2008. Em alguns Estados-Membros, a percentagem da população com excesso de peso aumentou significativamente; por exemplo, na Bulgária, passou de 50,8 % em 2008 para um valor estimado de 59,5 % e, na Roménia, de 50,3 %, em 2008, para um valor estimado de 62,9 %, em 2017 (a maior taxa entre os Estados-Membros).

A percentagem de pessoas pré-obesas e obesas varia geralmente consoante a idade e aumenta para um valor máximo na faixa etária entre os 55 anos e os 74 anos, para voltar depois a decrescer. Pouco mais de um quinto (22,1 % em 2014) dos jovens adultos em toda a UE (entre 18 e 24 anos) era pré-obeso e obeso. Porém, perto de dois terços (66,4 % em 2014) dos adultos com idades entre os 65 e os 74 anos eram pré-obesos e obesos.

Quadro 1: Percentagem da população com excesso de peso por sexo e idade, 2014
(%)
Fonte: Eurostat (hlth_ehis_bm1e)

Estes dados sublinham o interesse político na promoção de regimes alimentares saudáveis e sustentáveis junto de todas as gerações, bem como do consumo de alimentos sustentáveis.

Conjuntos de dados conexos: Consumtion expenditure (em inglês), socio-economic structure e obesity (em inglês).

Produção de resíduos

Em 2016, as famílias da UE-27 geraram 187,4 milhões de toneladas de resíduos, ou seja, 8,3 % de todos os resíduos gerados pela atividade económica e pelas famílias. Estes resíduos incluíam plástico, metal, roupa e muitos outros produtos. Em 2016, entre os resíduos totais das famílias, foram produzidos 28,3 milhões de toneladas de resíduos animais, resíduos alimentares mistos e resíduos vegetais.

Gráfico 11: Produção de resíduos pela atividade económica e pelas famílias, UE-27, 2016
(%)
Fonte: Eurostat (env_wasgen)

A quantidade de resíduos animais, resíduos alimentares mistos e resíduos vegetais gerados pelas famílias duplicou (+ 104,1 %) no período entre 2004 e 2016. Este aumento evidencia o trabalho que se avizinha para conter os resíduos alimentares na UE.

Conjunto de dados conexo: Generation of waste (em inglês).

Conclusão

Os esforços necessários para conter os resíduos, resolver os problemas ligados ao excesso de peso e melhorar a saúde dos cidadãos, sem descurar a segurança alimentar e a atenuação das alterações climáticas, terão repercussões na cadeia alimentar. Terão implicações para o que os agricultores e os pescadores produzem e para a forma como o produzem. Terão implicações para a forma como os alimentos são embalados, rotulados e transportados. Terão implicações para as trocas comerciais com os parceiros à escala mundial. E terão implicações relativamente aos alimentos que comemos e às bebidas que ingerimos. O primeiro passo nesta nova estratégia é esclarecer a situação atual.

Fonte dos dados para os quadros e os gráficos

Fontes de dados

Inquérito sobre a estrutura das explorações agrícolas

Quase todas as estatísticas das explorações agrícolas e dos agricultores provêm do inquérito sobre a estrutura das explorações agrícolas de 2016. O inquérito sobre a estrutura das explorações agrícolas (IEEA) faculta uma vasta gama de informações sobre as explorações agrícolas, incluindo dados pormenorizados sobre as características da mão de obra agrícola. O IEEA realiza-se sob a forma de recenseamento agrícola de dez em dez anos e de inquérito por amostragem, de três em três anos.

Agricultura biológica

Os dados são recolhidos anualmente e facultados pelos Estados-Membros da UE e pela Islândia, pela Noruega, pela Suíça, pela Turquia, pela Macedónia do Norte, pelo Montenegro e pela Sérvia, com base num questionário harmonizado. Os dados desta recolha anual têm origem nos dados administrativos das entidades nacionais responsáveis pela certificação dos operadores que exercem atividade no setor da produção biológica. Até ao ano de referência de 2007, a comunicação dos dados era voluntária. A contar do ano de referência de 2008, os dados têm de ser comunicados obrigatoriamente, por força do Regulamento (CE) n.º 889/2008 da Comissão, que estabelece normas de execução do Regulamento (CE) n.º 834/2007.

Estatísticas da produção vegetal

As estatísticas relativas aos produtos vegetais são recolhidas ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 543/2009 e obtidas através de inquéritos por amostragem, complementados por dados administrativos e estimativas baseadas em observações de peritos. As fontes variam consoante os Estados-Membros, mercê das circunstâncias nacionais e das práticas estatísticas. Os institutos nacionais de estatística ou os ministérios da agricultura estão incumbidos da recolha dos dados no âmbito dos regulamentos da UE. Os dados finalizados enviados ao Eurostat são o mais harmonizados possível. O Eurostat é responsável por estabelecer os agregados relativos à UE. As estatísticas recolhidas sobre produtos agrícolas dizem respeito a mais de 100 produtos vegetais diferentes.

Estatísticas sobre o efetivo pecuário e a carne

As estatísticas sobre o efetivo pecuário e a carne são recolhidas pelos Estados-Membros da UE ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 1165/2008, que abrange os efetivos bovino, suíno, ovino e caprino, estatísticas sobre os abates de bovinos, suínos, ovinos, caprinos e aves de capoeira, bem como previsões sobre a produção de carne de bovino, vitela, suíno, ovino e caprino. Os inquéritos sobre o efetivo pecuário abrangem um número de explorações agrícolas suficiente para corresponder a pelo menos 95 % do efetivo pecuário nacional registado no último inquérito sobre a estrutura das explorações agrícolas. As estatísticas sobre os efetivos bovino e suíno são produzidas duas vezes por ano, com referência a um dado dia em maio/junho e a um dado dia em novembro/dezembro.

Estatísticas relativas ao leite e aos produtos lácteos

As estatísticas relativas ao leite e aos produtos lácteos são recolhidas ao abrigo da Decisão 97/80/CE, que dá execução à Diretiva 96/16/CE. Abrangem a produção nas explorações agrícolas e a utilização do leite, bem como a descrição (estrutura), a recolha, bem como as atividades de produção de laticínios. Atendendo à quantidade reduzida de empresas de laticínios, os dados nacionais são geralmente abrangidos pelo segredo estatístico. Neste contexto, é difícil fornecer totais da UE e algumas das informações apresentadas na análise têm por base dados parciais em relação aos Estados-Membros (o que pode excluir vários países). Por um lado, as estatísticas relativas a este pequeno número de empresas permitem obter estimativas precoces sobre tendências. Por outro lado, para dispor de um panorama global do setor dos laticínios, é necessário recolher informações pormenorizadas junto das explorações, o que significa que os dados finais sobre a produção de leite só estão disponíveis ao nível da UE cerca de um ano após o ano de referência. Os produtos lácteos são registados por peso, o que dificulta a comparação dos vários produtos (por exemplo, leite fresco e leite em pó). Os volumes de leite inteiro ou desnatado utilizados nos processos das fábricas de laticínios fornecem dados mais facilmente cotejáveis.

Contas económicas da agricultura

As contas económicas da agricultura (CEA) constituem uma conta satélite do sistema europeu de contas (SEC 2010). Abrangem os produtos e serviços agrícolas produzidos durante o período contabilístico e vendidos por unidades agrícolas, mantidos como existências nas explorações agrícolas ou utilizados para nova transformação pelos produtores agrícolas. Os conceitos das CEA são adaptados à natureza específica da indústria agrícola: por exemplo, as CEA englobam não só a produção de uvas e azeitonas, mas também a produção de vinho e de azeite pelos produtores agrícolas, se forem produzidos com uvas e azeitonas próprias. As CEA incluem informações sobre o intraconsumo na unidade de produtos vegetais utilizados na alimentação animal e sobre a produção registada como produção por conta própria de bens de capital fixo e autoconsumo final de unidades agrícolas. As CEA abrangem uma conta de produção, uma conta de exploração, uma conta de rendimento empresarial e alguns elementos de uma conta de capital. Relativamente aos elementos da produção, os Estados-Membros da UE transmitem ao Eurostat os valores a preços de base, assim como as respetivas componentes (valor a preços no produtor, subsídios aos produtos e impostos sobre os produtos).

Consumo de pesticidas

A recolha de dados a contar do ano de referência de 2011 tem por base o Regulamento (CE) n.º 1185/2009 relativo às estatísticas sobre pesticidas, que estabeleceu um quadro comum para a produção sistemática de estatísticas comunitárias relativas às vendas e à utilização de pesticidas que sejam considerados produtos fitofarmacêuticos. A «classificação harmonizada das substâncias» enquadra cada substância ativa num grupo principal, categoria de produtos e classe química. O Eurostat está autorizado a publicar dados por país não confidenciais inseridos no respetivo grupo principal e categoria de produtos.

Os produtos fitofarmacêuticos são preparações que consistem ou que contêm uma ou mais substâncias ativas, na forma em que são fornecidas ao utilizador, tendo como objetivo:

  • proteger os vegetais ou os produtos vegetais contra todos os organismos prejudiciais ou a impedir a sua ação, desde que essas substâncias ou preparações não estejam a seguir definidas de outro modo;
  • exercer uma ação sobre os processos vitais dos vegetais, desde que não se trate de substâncias nutritivas (por exemplo, os reguladores de crescimento);
  • assegurar a conservação dos produtos vegetais, desde que tais substâncias ou produtos não sejam objeto de disposições especiais do Conselho ou da Comissão em matéria de conservantes;
  • destruir os vegetais indesejáveis; ou
  • limitar ou prevenir o crescimento indesejável de vegetais.

No entanto, falta uma definição comum adotada por todos os Estados-Membros, podendo verificar-se diferenças significativas no leque de produtos utilizados em cada país, o que restringe a comparabilidade. Para qualquer avaliação pormenorizada, são necessárias informações complementares sobre a situação nos diferentes países. Os dados referem-se às quantidades de substâncias ativas, que constituem as substâncias num produto comercial que causam o efeito desejado nos organismos visados (fungos, ervas daninhas, pragas, etc.). Por norma, os dados de base são referidos em quilogramas de ingrediente ativo vendido por ano em relação a cada uma das principais categorias funcionais de produtos («Herbicidas, produtos destruidores de ramas e produtos para remoção de musgos», «Fungicidas e bactericidas», «Inseticidas e acaricidas» e outras).

Os dados relativos às vendas de pesticidas abrangem tanto as utilizações agrícolas como as não agrícolas.

As estatísticas relativas às vendas de pesticidas são afetadas por restrições de confidencialidade. O impacto destas restrições nos dados é variável consoante o Estado-Membro, o tipo de pesticida e o ano. No que concerne às vendas totais de pesticidas na UE no período de 2011-2017, menos de 3 % do volume consiste em dados confidenciais.

Consumo de adubos minerais

O Eurostat publica dois conjuntos de dados sobre os adubos inorgânicos: (aei_fm_usefert) e (aei_fm_manfert). O primeiro é recolhido junto dos Estados-Membros e constitui uma estimativa da utilização de azoto (N) e fósforo (P) na agricultura. O segundo conjunto de dados é uma estimativa do consumo baseada nas vendas de adubos minerais na UE, elaborada pela Fertilizers Europe. Os números estimados pela associação comercial Fertilizers Europe, com base nas vendas de adubos minerais, correspondem essencialmente às estimativas de utilização de azoto e fósforo comunicadas pelos países, embora não possam ser diretamente comparadas, devido a diferenças metodológicas.

Balanço bruto de azoto

A metodologia dos balanços de azoto é descrita no manual do Eurostat/OCDE intitulado «Nutrient Budgets». O balanço bruto de azoto representa uma quantificação da incorporação ou captação de azoto pelos solos (inputs) e da sua remoção pelas culturas (output), sendo dado pela diferença entre o total dos inputs e o total dos outputs O excedente bruto de azoto por ha é obtido dividindo o excedente bruto de azoto total pela superfície de referência. A superfície de referência da atual versão dos balanços carregados na base de dados do Eurostat é a superfície agrícola utilizada (SAU). Importa salientar que alguns países utilizam metodologias ligeiramente diferentes; a Áustria e Espanha fazem parte desse grupo. Por conseguinte, as séries cronológicas são comparáveis nos países, mas os valores individuais não devem ser comparados com os valores individuais de outros países.

Estatísticas sobre a pesca

As estatísticas sobre a pesca são recolhidas pelo Eurostat junto de fontes nacionais oficiais em relação aos Estados-Membros da UE e aos países do Espaço Económico Europeu (EEE). As estatísticas são recolhidas aplicando as definições e os conceitos acordados internacionalmente e elaborados pelo Grupo de Coordenação, que integra o Eurostat e várias outras organizações internacionais com responsabilidades no domínio das estatísticas sobre a pesca.

As estatísticas relativas à produção pesqueira europeia incluem a produção obtida com as capturas e a aquicultura. As capturas referem-se aos produtos da atividade pesqueira independentemente da finalidade (comercial, industrial, recreativa e de subsistência) e do tipo e classe de unidade de pesca (nomeadamente, pescadores, navios, artes de pesca, etc.). O pavilhão arvorado pelo navio de pesca constitui a principal indicação da nacionalidade das capturas. Além das capturas, o Eurostat recolhe estatísticas sobre os desembarques relativos aos produtos da pesca (expressos em peso dos produtos) desembarcados no país declarante, independentemente da nacionalidade do navio que efetua os desembarques. Também devem ser incluídos os desembarques efetuados por navios do país declarante em portos de países terceiros e importados na UE. A produção aquícola refere-se à criação de organismos aquáticos (de água doce ou água salgada) em condições controladas. A aquicultura implica alguma forma de intervenção no processo de criação natural, como o repovoamento regular, a alimentação e a proteção contra predadores. A criação implica igualmente a posse por pessoa singular ou coletiva da unidade populacional explorada.

As estatísticas sobre as capturas são transmitidas ao Eurostat pelos países membros do EEE em conformidade com os seguintes atos legislativos da UE:

  • Regulamento (CE) n.º 218/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de março de 2009, relativo à apresentação de estatísticas sobre as capturas nominais efetuadas pelos Estados-Membros que pescam no Nordeste do Atlântico (JO L 87 de 31.3.2009);
  • Regulamento (CE) n.º 217/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de março de 2009, relativo à apresentação de estatísticas sobre as capturas e a atividade de pesca dos Estados-Membros que pescam no Noroeste do Atlântico (JO L 87 de 31.3.2009);
  • Regulamento (CE) n.º 216/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de março de 2009, relativo à apresentação de estatísticas de capturas nominais efetuadas pelos Estados-Membros que pescam em certas zonas, com exclusão das do Atlântico Norte (JO L 87 de 31.3.2009, p. 1).

As estatísticas são expressas em equivalente peso vivo dos desembarques (ou seja, o peso desembarcado de um produto ao qual foi aplicado um fator de conversão adequado). Por conseguinte, ficam excluídas as quantidades de produtos da pesca capturados mas não desembarcados. Quanto às estatísticas sobre os desembarques, cada país comunica os dados anuais relativos às quantidades e aos valores dos produtos da pesca desembarcados nos respetivos portos, em conformidade com o Regulamento (CE) n.º 1921/2006, de 18 de dezembro de 2006, relativo à apresentação de dados estatísticos sobre desembarques de produtos da pesca nos Estados-Membros e que revoga o Regulamento (CEE) n.º 1382/91 (JO L 403 de 30.12.2006). No que respeita às estatísticas sobre a aquicultura, as autoridades nacionais apresentam ao Eurostat as estatísticas respeitantes à produção aquícola nos termos do Regulamento (CE) n.º 762/2008, de 9 de julho de 2008, relativo à comunicação pelos Estados-Membros de estatísticas sobre a produção aquícola, e que revoga o Regulamento (CE) n.º 788/96 (JO L 218 de 13.8.2008).

Relativamente à frota de pesca, as estatísticas relativas aos Estados-Membros da UE são obtidas a partir do ficheiro da frota de pesca da UE, mantido pela Direção-Geral dos Assuntos Marítimos e das Pescas da Comissão Europeia. As estatísticas relativas à Islândia e à Noruega são compiladas a partir dos ficheiros transmitidos pelas autoridades nacionais.

Produção de resíduos

Para acompanhar a execução da política em matéria de resíduos e, em particular, o cumprimento dos princípios da valorização e da eliminação segura, são necessárias estatísticas fiáveis sobre a produção e a gestão de resíduos das empresas e dos agregados familiares. Em 2002, foi adotado o Regulamento (CE) n.º 2150/2002 relativo às estatísticas de resíduos, que cria um quadro para a elaboração de estatísticas comunitárias harmonizadas nesta matéria. Partindo do ano de referência de 2004, o regulamento em questão exige que os Estados-Membros da UE apresentem, de dois em dois anos, dados sobre a produção, valorização e eliminação de resíduos. Estão atualmente disponíveis dados sobre a produção e o tratamento de resíduos para os anos pares de referência de 2004 a 2016.

Estatísticas estruturais das empresas (EEE)

As estatísticas estruturais das empresas descrevem a estrutura, a condução e o exercício das atividades económicas, até ao nível mais detalhado de atividade (várias centenas de setores económicos). As EEE são facultadas anualmente pelos Estados-Membros da UE com base numa obrigação jurídica em vigor desde 1995. As EEE abrangem todas as atividades da economia das empresas, com exceção das atividades agrícolas e dos serviços pessoais, e os dados são facultados por todos os Estados-Membros da UE, pela Noruega e Suíça e por alguns países candidatos e potenciais candidatos. Os dados são recolhidos por domínio de atividade (anexo I – Serviços; anexo II – Indústria; anexo III – Comércio; e anexo IV – Construção) e por conjuntos de dados. Cada anexo contém conjuntos de dados, tal como previsto no Regulamento Estatísticas Estruturais das Empresas. A maior parte dos dados é recolhida pelos institutos nacionais de estatística (INE) através de inquéritos estatísticos, dos ficheiros de empresas ou de fontes administrativas múltiplas. Por norma, os serviços nacionais de regulação ou controlo das instituições financeiras ou dos bancos centrais apresentam as informações exigidas relativamente ao setor financeiro (NACE Rev. 2, secção K/NACE Rev. 1.1, secção J). Os Estados-Membros aplicam diferentes métodos estatísticos, segundo a fonte dos dados, como a extrapolação, a estimação baseada num modelo ou diferentes formas de imputação, para garantir a qualidade das EEE produzidas.

Estatísticas PRODCOM

As estatísticas PRODCOM fornecem informação pormenorizada sobre a quantidade física da produção comercializada durante o período de referência do inquérito, o valor da produção comercializada durante o período de referência do inquérito e, para alguns produtos, o volume da produção total durante o período de referência do inquérito. O inquérito PRODCOM baseia-se na lista PRODCOM, composta por cerca de 3 900 produtos. Os códigos de oito dígitos utilizados nessa lista baseiam-se nas rubricas de seis dígitos da classificação dos produtos por atividade (CPA) e, por conseguinte, na NACE Rev. 1.1 de quatro dígitos. Desde 2008, o código PRODCOM está associado à CPA 2008 e à NACE Rev. 2. Esta ligação com a NACE permite aos INE utilizar o ficheiro de empresas para identificar as empresas suscetíveis de fabricar o produto. A lista PRODCOM é revista todos os anos.

Estatísticas sobre os transportes

Os dados relativos aos transportes rodoviários de mercadorias são obtidos a partir de microdados recolhidos no âmbito do Regulamento (UE) n.º 70/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho relativo ao levantamento estatístico dos transportes rodoviários de mercadorias. Os números são agregados com base em inquéritos por amostragem realizados pelos países declarantes. Os dados abrangem toneladas, toneladas-quilómetros, quilómetros-veículo e quantidades de percursos. As estatísticas sobre o transporte rodoviário de mercadorias são comunicadas pelos Estados-Membros relativamente aos veículos matriculados no país. As estatísticas sobre o transporte por via navegável fornecem informações sobre o volume e o desempenho do transporte de mercadorias nas vias navegáveis interiores da UE. São comunicadas com base no «princípio da territorialidade», o que significa que cada país comunica dados sobre as cargas, as descargas e os movimentos de mercadorias ocorridos no respetivo território, independentemente do país de origem das empresas ou do local de primeira carga e de descarga final.

Estatísticas comerciais

Os dados da UE são provenientes da base de dados COMEXT do Eurostat. A COMEXT é a base de dados de referência do Eurostat para o comércio internacional de mercadorias. Fornece acesso não só aos dados recentes e históricos dos Estados-Membros da UE, mas também a estatísticas de um número significativo de países terceiros. As estatísticas agregadas e detalhadas para o comércio internacional que são divulgadas através do sítio Web do Eurostat são compiladas a partir dos dados COMEXT todos os meses. Uma vez que a COMEXT é atualizada diariamente, os dados publicados no sítio Web podem diferir dos dados armazenados na COMEXT no caso de revisões recentes.

No presente artigo, os produtos agrícolas são classificados de acordo com as sub-rubricas da Nomenclatura Combinada (NC), com base na classificação internacional conhecida como o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (SH), gerido pela Organização Mundial das Alfândegas. Os 24 capítulos (códigos de dois dígitos) dos produtos agrícolas na NC são agrupados segundo três tipos principais: produtos de origem animal, produtos vegetais e géneros alimentícios. O capítulo 15 (gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras alimentares elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal) integra o tipo «produtos vegetais».

Despesas de consumo final

O Eurostat recolhe dados relativos às despesas de consumo final das famílias de acordo com a classificação internacional do consumo individual por objetivo (COICOP) no âmbito do SEC 2010. Os requisitos de transmissão para cada conjunto de dados estão definidos no programa de transmissão do SEC 2010. Em relação aos dados COICOP, são comunicados no período t+9 meses após o período de referência.

As despesas de consumo das famílias são classificadas por objetivo de consumo segundo a classificação COICOP (sigla do inglês «Classification Of Individual COnsumption by Purpose»; ver igualmente o Regulamento (CE) n.º 113/2002 da Comissão, de 23 de janeiro de 2002). As categorias relevantes da COICOP ao nível de três dígitos são as seguintes:

  • P010 – Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas
  • P011 – Produtos alimentares
  • P012 – Bebidas não alcoólicas
  • P020 – Bebidas alcoólicas, tabaco e narcóticos
  • P021 – Bebidas alcoólicas
  • P111 – Serviços de refeições e bebidas (inclui catering)

Estatísticas sobre o índice de massa corporal (IMC)

O Inquérito Europeu de Saúde por Entrevista (EHIS) constitui a fonte de informação para as estatísticas sobre o IMC. O seu objetivo é fornecer estatísticas harmonizadas em todos os Estados-Membros da UE no que respeita ao estado de saúde dos respondentes, ao seu estilo de vida (determinantes da saúde) e à sua utilização dos serviços de saúde. O índice de massa corporal (IMC) é uma medida do peso de uma pessoa relativamente à sua altura, que estabelece uma relação bastante fiável com a gordura corporal. O IMC é reconhecido como o melhor método para medir a obesidade entre os adultos (maiores de 18 anos) quando apenas estão disponíveis os dados do peso e altura. É calculado como o peso de uma pessoa (em quilogramas) dividido pela sua altura ao quadrado (em metros). IMC = peso (kg) / altura (m)²

Para classificar os resultados do IMC, é utilizada a seguinte subdivisão (de acordo com a OMS):

< 18,50: baixo peso;
18,50 – < 25,00: normal range;
>= 25,00: excesso de peso;
>= 30,00: obesidade.

Contexto

A Estratégia do Prado ao Prato para um sistema alimentar justo, saudável e respeitador do ambiente é uma componente essencial do Pacto Ecológico Europeu.

Tem cinco objetivos estratégicos fundamentais:

i) Assegurar uma produção alimentar sustentável
Inclui esforços para: reforçar o empenho dos agricultores e pescadores no sentido de combater as alterações climáticas, proteger o ambiente e preservar a biodiversidade; reduzir significativamente a utilização e a dependência dos fertilizantes, antibióticos e pesticidas químicos; desenvolver a agricultura biológica; continuar a apoiar a melhoria das condições de vida dos agricultores e dos pescadores no processo de transição.
ii) Estimular práticas sustentáveis na transformação alimentar e nos processos subsequentes
Inclui esforços para: influenciar as escolhas alimentares dos consumidores; rever as normas de comercialização; estabelecer perfis nutricionais; melhorar a embalagem dos alimentos.
iii) Promover o consumo sustentável de alimentos
Inclui esforços para: inverter a tendência crescente na prevalência de excesso de peso e obesidade na UE; capacitar os consumidores para escolhas informadas, através da melhoria da rotulagem dos produtos alimentares; estabelecer critérios mínimos obrigatórios de sustentabilidade na contratação pública na esfera alimentar.
iv) Reduzir as perdas e o desperdício alimentares
Inclui esforços para: reduzir as perdas alimentares ao longo da cadeia de abastecimento; melhorar a recuperação de nutrientes e de matérias-primas secundárias; reforçar a bioeconomia, a gestão dos resíduos e as energias renováveis.
v) Lutar contra a fraude alimentar ao longo da cadeia de abastecimento alimentar
Inclui esforços para: melhorar a rastreabilidade e os alertas no domínio alimentar.

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Metodologia

Notas

  1. Num contexto contabilístico, uma indústria é um ramo de atividade económica. O termo «indústria agrícola» é utilizado para descrever o ramo da produção agrícola, mas não se deve inferir do mesmo que a agricultura é obrigatoriamente industrializada ou que se refere à transformação de matérias-primas.
  2. OCDE (2019), Accelerating Climate Action: Refocusing policies through a Well-being lens [Acelerar a ação climática: a reorientação das políticas através da ótica do bem-estar].
  3. Zonas principais 21, 27, 34, 37, 41, 47 e 51 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
  4. Para mais informações, consultar o sítio Web da Comissão Europeia Política comum das pescas (PCP).
  5. Para mais informações, consultar esta hiperligação.